terça-feira, 3 de fevereiro de 2009


Alguma coisa mudou. Eu não sou mais a mesma. Sinto uma coisa diferente quando penso no passado; não te imagino mais como alma gêmea, não choro ao lembrar nossos momentos, nem sinto culpa alguma quando penso que poderia ter feito algo pra mudar nosso destino. É como se minha alma tivesse morrido; minhas lágrimas tivessem secado; meu coração endurecido - nem o ouço mais batendo nem sinto o sangue nas minhas veias - meu espírito caído no mais profundo esquecimento. Me corto e não sinto mais a mesma dor reconfortante e consoladora; como se eu tivesse sofrido tanto e ainda assim não merecesse pena alguma; como se eu desejasse tanto descansar nos braços da morte que ela fugisse desesperadamente de mim. Minhas feridas imploram tanto por um túmulo, meu corpo almeja há tempos descanço eterno. Todo conhecimento de angústias me fora concedido e não há uma só dor que eu já não tenha sentido; e hoje não sinto mais nada. Nem mesmo ânimo quando a luz da lua toca minha pele. O chão do banheiro já tão familiar nunca conheceu tamanha frieza e as paredes há muito manchadas de sangue jamais presenciaram tanto vazio; Somente quem sentiu algo assim é capaz de explicar, está além de toda compreensão humana. E eu nem sei mais se quero me livrar disso, não sei se quero que essa dor me abandone. Ela é minha única companhia além dos meus fantasmas. Minha depressão é permanente e eu já me acostumei com ela.

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