segunda-feira, 25 de outubro de 2010


Pelo menos se eu estivesse triste ainda faria sentido, mas não. Não sinto nada e isso é pior que qualquer dor, não consigo chorar nem sorrir. E essa sensação de que falta algo que eu não sei o que é. Não tenho nada pra postar, simplesmente. Receio que esse blog que ninguém nunca leu será desativado permanentemente, porque foi uma tentativa frustrada de contar ao mundo sobre a dor que muitos sentem e ninguém compreende. Talvez algum dia eu volte a postar aqui, quando eu tiver algo concreto pra dizer ou ao menos pra sentir. Por enquanto continuo sem perspectivas e com um peso enorme nas costas: não poder fazer nada pra mudar coisa alguma.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010


Ando tão feliz ultimamente, bebendo demais, rindo demais, saindo demais. E o tempo que eu perdia pensando em futilidades, agora eu ganho pensando em futilidades utilitárias. Quase nunca perco o sono, devem ser os dias corridos, o cansaço da rotina, as noites cheias. Lugares que eu costumava frequentar, horas do dia que eu costumava tirar pra pensar e refletir já não são necessários. Músicas que eu ouvia, coisas que eu escrevia pra me aliviar não fazem mais sentido. Não penso mais em frustrações ou decepções, não sinto mais medo do amanhã nem saudade do ontem. Parei de me doer por coisas pelas quais eu nada posso fazer. Mas ainda sinto faltar um pedaço; meu vazio evoluiu para algo ainda mais complexo e inexplicável.

Estou aprendendo. Aprendendo que errar é inevitável, aprender com o erro é opcional. Aprendendo que o medo não é uma fraqueza, mas um sentimento. Aprendendo que não se deve esperar que a vida nos proprocione nada, mas sim correr atrás dos próprios objetivos. Apredendo a interpretar palavras e gestos e, principalmente, enxergar a verdade oculta por trás deles. Aprendendo a não dar vazão a sentimentos inoportunos e não cair nas minhas próprias armadilhas, eu consigo sim pensar em outra coisa. Aprendendo que só o tempo tem todas as respostas e que, apesar de já ter sido traída e enganada tantas vezes, cada dia é uma nova oportunidade. Aprendendo a não colocar nas mãos de ninguém a minha felicidade, não por achar que ninguém seja capaz de me fazer feliz, mas por saber que isso só depende de mim.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Tempo que não posto aqui. Talvez eu não tenha nada mais a dizer, ou talvez eu tenha tanta coisa que não saiba por onde começar. Mas antes de qualquer coisa, nada mudou e às vezes penso que essa procura é eterna; nunca hei de encontrar o que de fato me completa ou me faça parar de buscar. Não sei se é certo ter ainda esperança quando tudo já morreu, mas é como diz o eterno poeta saudoso Renato Russo, tudo está perdido mas existem possibilidades. Quem sabe num sábado ensolarado algo mude pra mim, talvez aconteça alguma coisa diferente que me faça sair da rotina e achar realmente um sentido pra dizer que vale a pena, um bom motivo que justifique essa imbecilidade de se procurar algo que não se sabe o que é. Tudo pode acontecer, é por essa certeza que eu abro os olhos todos os dias.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sei que você não fez nada pra eu me apaixonar assim, mas entenda, é inevitável pra mim. Seu olhar, seu sorriso, o que você diz e que faz tanto sentido. Sabe a minha facilidade de colocar sentimentos no papel? Eu não tenho essa mesma facilidade com palavras e, por causa da minha bipolaridade, talvez eu nunca consiga especificar se o que eu sinto é real ou passageiro e só to escrevendo isso porque sei que você não vai ler. Só sei que vivo o agora, o hoje é meu lema e Carpe Diem minha ideologia. Desculpe se eu disse algo que você não gostou, mas eu sou assim espontânea e só me arrependo do que eu não faço. Não tenho tempo de sofrer por amor, a vida é curta e limitada, portanto vou continuar fingindo não sentir nada quando você disser alguma coisa que me faça sorrir ou me olhar de um jeito diferente. Apesar de ter a maior esperança, sei que não tenho a mínima chance.
Eu conheço você a fundo. Só eu sei seus maiores segredos. Eu conheço seu olhar assustado e sei quando você tenta fingir que está tudo bem. Eu sei das suas fraquezas, dos seus medos, dos seus sonhos, ansiedades e desejos mais profundos. Eu sei quando você mente pra me deixar feliz e o quanto odeia quando eu jogo as coisas na sua cara. Eu sei quando você faz tudo pra agradar alguém que nem ao menos se importa com você. Eu sei quem realmente te faz falta e reconheço o quanto você sofre com isso. Eu sei do seu empenho pra fazer as coisas darem certo e da vontade de jogar tudo pro alto que eu também tenho às vezes. Eu, só eu sei quando você disfarça a vontade de querer algo que não pode ter, eu conheço sua cara de bravo e a sua falsa indiferença da qual já compartilhei tantas vezes. Só eu sei coisas que você não conta pra ninguém só pra mim, e sei também que mais ninguém sabe só eu. Eu sei coisas sobre você que nem você sabe. Como quando você fica com vergonha seu sorriso é singelo e quando se apaixona não se entrega com medo de se apegar e não conseguir esquecer. É, eu sei tanto sobre você e você não sabe quase nada sobre mim. Por que será?

Como é estranho descobrir a verdade depois de tanto tempo; o pior é perceber que nada que você pensou ser sincero, era realmente. Descobrir que sofreu e amou em vão pessoas que não mereciam sequer seu desprezo e que as palavras ditas e promessas feitas foram embora com o vento e o tempo. Lembro quando eu pensei que morreria se algum dia soubesse que a mentira era real e o que as pessoas me diziam fazia todo sentido. Eu só estava cega pela ironia do meu próprio sentimento, presa pela vontade de mudar as coisas me apegando ao passado. Queria voltar no tempo e fazer de novo coisas que não valem a pena, pensei que eu era feliz, mas agora descubro que era só uma doce ilusão. Um doce sonho que se transformou em pesadelo quando eu abri os olhos. Agora não importa o passado nem o futuro. Vivo o hoje como se eu fosse morrer amanhã e um dia hei de acertar.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010


É estranho perceber o que as pessoas se tornam com o passar do tempo. E isso é pra todas as pessoas que além do estilo, resolveram mudar de caráter também. Tornaram-se vazias, superficiais, e agora dão valor a pessoas que antes nem sequer faziam parte da sua vida. E aquelas com quem tinham mais afinidade, química, aquelas com quem podiam conversar contar problemas e frustrações, são deixadas de lado como brinquedos velhos que você enjoa e guarda no fundo do baú. Como se não bastasse, ainda se acham no direito de sentir-se superior demonstrando essa arrogância tão comum àqueles que se acham a última bolacha do pacote. Poupem-me, por favor, dessa futilidade, sei que é erro meu exigir de todos minha mesma profundidade, mas não caiam nesse abismo de erros e defeitos, mar de ignorância criados por vocês mesmos. É hora de repensar as atitudes, rever conceitos e tentar mudar, dessa vez, pra melhor.

Mais um dia amanhecendo e com ele se esvaindo minha dor, infelicidade, angústia. Mesmo não tendo nada do que me orgulhar no final do dia eu continuo vivendo e às vezes pensando em como sorrir pras pessoas na rua. Tentando me lembrar de uma piada ou cantarolar uma música ‘feliz’, só pra esquecer o vazio permanente dentro de mim. Escrevendo pra anestesiar a intensidade dos meus sentimentos e pra tentar transparecer uma pessoa normal com preocupações suportáveis, dúvidas compreensíveis e problemas solúveis. Uma única dor me incomoda e não há remédio para ela. Uma dor que vem da alma, que é meu eterno martírio e a que estão sujeitos todos os mortais, mas que nem todos compreendem. Antes eu passava a maior parte do tempo tentando explicar a mim e aos outros o porque me sentia sozinha em meio a tantas pessoas, porque sorria com lágrimas nos olhos ou mesmo porque não compartilhava planos e aspirações. Hoje acho que me conformei, acho que eu precisava entender que essa dor é exclusivamente minha, derrepente eu percebi que senti-la é o único modo de saber que ainda estou viva.
Sabe como é perceber depois de tanto tempo que você não é nem de longe o que pensava ser? E perceber que o mundo que você criou pra te manter respirando não existe? Já pensou ver tudo em que você sempre acreditou se transformar em uma mentira? É tudo o que eu sinto. Como se tudo ao meu redor fosse falso ou artificial, de repente eu percebo que eu nunca soube nada realmente, como se minhas memórias fossem implantadas e minhas idéias superficiais. Todas as minhas atitudes se tornaram fúteis e as coisas vão e vem muito rápido, me tomando o tempo que eu tinha pra assimilar meus lucros e perdas. Sei que choro e sorrio muitas vezes, mas isso só não me basta para tornar minha felicidade e tristeza reais. Aliás, eu nem mesmo tenho certeza dos meus próprios sentimentos e não sei quando são verdadeiros ou quando são invenções da minha mente doentia. Me sinto confusa, perdida e indecisa tudo ao mesmo tempo. Às vezes gosto de ser assim incógnita, metamorfose. Mas às vezes dói demais e eu sinto que o único remédio é um sono profundo sem sonhos. Eu não sei me explicar e não sei se quero.

domingo, 22 de agosto de 2010


Eu não sei esconder o óbvio; não sei como não demonstrar o que meus próprios gestos denunciam. Não posso me calar já que o silêncio traduz minhas palavras, não posso abrir os olhos porque eles mostram os segredos da minha alma. Vontade de fugir pra longe só pra não ter que olhar pra mim mesma e não assumir pra ninguém o que todos já sabem. Se eu ao menos pudesse mentir, mas mesmo que eu tente sou sincera demais. Eu juro que tento parecer normal, mas minhas atitudes me impedem; minha personalidade demonstra o que eu não quero que ninguém saiba. Sinto que sou uma metáfora ambulante tentando esconder exatamente o que eu revelo nos pequenos detalhes. Talvez seja uma questão de reputação e nesse caso eu prefiro a consciência, talvez eu seja outra longe de olhares alheios, mas acho que é pretensão demais pensar que eu sou diferente. Nem eu entendo e acho que prefiro continuar assim, porque alguém me disse certa vez que a beleza está na essência da ignorância.


Estive pensando. Pensando nas escolhas que fiz; certas, erradas e incertas também. Pensei nas influências, nas conseqüências e que nem sempre consegui o que desejei, mas não foi por falta de esforço. Pensei nas mudanças, nas fases, nos namoros e rolos, sentimentos, sensações. Na vida como ela é, em como pode ser e em como não pode. Pensei em parar pra pensar e decidi viver um dia de cada vez, mais viver cada um como se fosse o último. Entendi que beijar uma pessoa para esquecer outra é bobagem, você só não esquece a outra pessoa como pensa mais nela. Pensei em como pode ser difícil mudar pra melhor e resolvi arriscar pra tentar, quem sabe, ser mais feliz. Parei pra pensar no que eu fiz e não devia ter feito e no que eu não fiz e me arrependi. Pessoas que eu cativei, memórias que eu enterrei, amizades que eu conquistei. Músicas que eu ouvia e não ouço mais, momentos que eu pensei serem os melhores nem são mais tão bons. Andei pensando em ser diferente e optei por ser eu mesma, com meus erros e acertos, virtudes e defeitos. Pensei em viver pra mim, pensar em mim e descobri pessoas que precisam mais de mim do que eu. Então entendi que apesar de viver quase um século, esse tempo não é suficiente pra aprender ou ensinar tudo o que se precisa saber.


Acendo outro cigarro enquanto olho o vazio ao redor de mim. Tentando entender como as coisas vêm e vão, como não duram para sempre mesmo durando o suficiente pra deixar saudade. Tentando não me sentir culpada por ter tudo o que tantos desejam e não me sentir ‘feliz’ com isso. Tentando entender, só entender. Hoje no cinema mais um filme ‘baseado em fatos reais’ me fez pensar se realmente existe um sentido, em todas aquelas pessoas á minha volta que pareciam tão felizes e no porquê eu não posso ser como elas. Olhando para dentro de mim agora, eu não consigo compreender o que falta. Nada do que eu tento parece fazer qualquer diferença, o tempo todo eu busco nas pequenas coisas as grandes lições e só o que eu consigo entender é que tudo é vão, nada do que eu faça pode mudar isso dentro de mim, nunca. E as pessoas me julgam errado, como se eu fosse um produto me rotulam disso e daquilo. Mas se fazem isso só porque me vêm por fora imagino o que diriam se me vissem por dentro.

' Se meus olhos mostrassem minha alma, todos ao me verem sorrir chorariam comigo.' Kurt Cobain

É comum sentir vazio após perder algo irrecuperável ou importante. Nessas horas é que percebemos o sentido das palavras ‘tudo o que é bom dura pouco.’ Mas nem sempre isso é verdade. Na maioria das vezes dura o suficiente pra se tornar inesquecível; a idéia é que algo ou alguém fosse nos emprestado por um certo tempo, algo como um test-drive pra podermos aprender a lidar com coisas maiores e melhores que vêm pela frente. O inevitável é não sofrer com essas perdas ou acordar todos os dias sentindo faltar um pedaço, imaginar que qualquer hora o telefone vai tocar e tudo vai voltar a ser como antes. Haja o que houver, aconteça o que acontecer o verdadeiro sentimento não morre. Ele adormece pra acordar depois com uma palavra dita num momento de fraqueza, um abraço dado numa hora oportuna ou um beijo roubado. O estranho é perceber depois de tanto tempo que você não sente mais o que sentia há uns meses atrás, sente uma coisa maior e o que você achou ter durado pouco durou tempo demais, o bastante pra nunca conseguir se esquecer.


Sinto informar, mas morri. Não estou mais aqui, essa garota que sorri de coisas complicadas, chora por coisas simples e sempre mente dizendo que está tudo bem não sou eu. Tanto tempo tem que eu não habito meu próprio corpo e não tenho meus próprios pensamentos que nem sei mais como é. Queria muito estar aqui pros outros, mas não estou nem pra mim mesma, me olho no espelho e pergunto quem é essa pessoa fria e cansada de tudo e todos. Queria muito entender os motivos do meu coração, mas não tenho sentimentos tampouco um coração. Há pouco tinha uma alma mas de tão confusa nem sei em que esquina a deixei para trás. Mas não me importo, afinal não nos entendíamos tão bem assim. Eu buscava momentos intensos, a alma queria paz e tranqüilidade. Eu vivia cada dia como se fosse o último, ela queria planejar um futuro. Eu me divertia sem medo, ela queria que eu limitasse meus pensamentos e a alimentasse com algo construtivo. De tanto querer liberdade ela me deixou e agora eu me sinto morta por dentro, sangrando e doendo e não importa o que eu diga as pessoas não compreendem. Talvez eu tenha medo de dizer, pode parecer estranho no primeiro momento, mas sei que existem pessoas como eu, procurando uma alma. Seja a sua, seja outra que também lhe faça bem e que o (a) complete, fazendo sentir que o sangue congelado pelo frio do vazio ainda corre pelas veias. Alguns já acharam e talvez nunca provem novamente a dor de acordar diariamente sentindo faltar um pedaço. Eu continuo nessa busca, sem esperanças de encontrar minha alma e tampouco outra que me complete e me faça parar de buscar.
De novo me pego pensando nos momentos; bons, inesquecíveis, memoráveis e ruins também. Esses que quando se vive não imaginamos que serão lembrados depois, esses que deveriam durar mais e, no entanto duram o mesmo e até menos que os momentos comuns. Talvez pensemos assim pela intensidade em que os vivemos e realmente o que é bom dura pouco, ou não. Talvez dure o suficiente para nunca ser esquecido, como é o caso de instantes que ficam se repetindo na cabeça como um dejavú. Toda vez que se pensa em algo (ou alguém) que nos faz lembrar; simplesmente não se pode explicar ou entender, viver é o bastante e lembrar é inevitável, principalmente quando são momentos que nos fazem sentir tão vivos. E mesmo que a dor de vivê-los novamente seja quase insuportável, com o passar do tempo, quando eles são sua única fonte de realidade, acabam se tornando vitais e necessários.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Os dias passam devagar; tenho aprendido coisas com esse passar de tempo, lições que valem por uma vida. Aprendi que sempre seguimos princípios e fazemos escolhas certas e erradas e que elas têm conseqüências. Descobri que nem sempre aprendemos da primeira vez que erramos e que às vezes demora certo tempo pra conseguirmos acertar; aprendi que todos têm problemas e que nem sempre é fácil resolvê-los; aprendi que demonstrar os sentimentos nem sempre é o certo a fazer e que confiar cegamente nas pessoas muitas vezes nos faz quebrar a cara. Descobri que não existe felicidade certa ou completa, só felicidade e que ela não dura pra sempre ou nasce com agente, mas é composta de momentos e lembranças. Aprendi que temos uma boca e dois ouvidos pra ouvir mais e falar menos, aprendi dar valor às coisas simples e tirar grandes lições de pequenos mestres. Aprendi que pra chorar não precisamos de motivo só de vontade e que pode até não resolver, mas nos faz sentir aliviados. Descobri que um dos maiores erros da humanidade é julgar o que não se conhece e que quando pensamos saber tudo é que temos mais a aprender.

Me desculpe se eu te incomodo relembrando o passado, repetindo os planos, passando a limpo situações. Me desculpe se eu te irrito falando bobagens e rindo do acaso, colocando pra fora meus sentimentos e te contando minhas frustrações. Me desculpe a falta de senso quando eu começo um briga por um motivo banal, entenda meu mal humor, as vezes em que eu fico depressiva e que nem sempre o que eu preciso é ficar sozinha. Ignore minha sinceridade quando eu jogo na sua cara que sem mim você não seria nada. Me desculpe as ceninhas de ciúme por causa de um mal entendido, minha possecividade excessiva na frente dos amigos e minha mania de sempre perguntar se está tudo bem. Me desculpe por ser assim tão intensa e também minha obsessão imediatista de querer tudo aqui e agora. Ignore minha vontade de jogar tudo pro alto às vezes e minha falta de paciência ao resolver problemas difíceis. Me desculpe as vezes que eu fiz você ficar constrangido e se eu fiz alguma coisa que você não gostou. Me desculpe insistir tantas vezes pra você voltar e sempre dizer que sem você tudo perde a graça. Mas afinal é de mim que estamos falando e você sabe bem como eu sou. Mas enfim, tudo muda não é? Talvez um dia eu me torne uma pessoa tão fria e feliz como você.

Estou aprendendo a me comportar diante das situações. Aprendendo a não sorrir do ridículo, não chorar pelo inevitável, não desistir do impossível, não me conformar com o silêncio. Estou aprendendo a me defender das armadilhas do tempo, aprendendo a perceber a verdade, por mais sutil que ela possa parecer; aprendendo a deixar de lado futilidades e reconhecer o inconfundível, necessário. Estou aprendendo a me comportar diante de situações que exigem um esforço sobrenatural pra manter o controle; aprendendo a não demonstrar minha afeição, desespero, tédio e principalmente a não deixar transparecer nunca o que me corrói por dentro. Estou aprendendo a sorrir ainda que com lágrimas nos olhos, a reconhecer e recompensar verdadeiros amigos, a não me deixar levar por falsas aparências e não dar ouvido a comentários infames, aprendendo a não formar opiniões equivocadas sobre assuntos que eu não compreendo direito. Estou aprendendo a enterrar o passado e seguir em frente mesmo contra minha própria vontade, a não acreditar em promessas insanas. Estou aprendendo a ouvir tudo e guardar o que me parece correto e, principalmente, aprendendo que ainda não sei quase nada, apesar de já ter vivido quase tudo.
De novo me pego pensando no sentido (se é que existe um) algo que me mantenha no caminho e parece que às vezes consigo me sentir melhor e até afastar, mesmo que por um tempo, a vontade de desistir de tudo. Eu até me considerava perspicaz e decidida, mas de uns tempos pra cá não tenho força pra correr atrás dos meus objetivos, talvez porque eu não tenha tantos assim, acho que esse é o meu problema. ‘Viver cada dia como se fosse o último’ tem se tornado uma obsessão e me impedido de sonhar e fazer planos, de modo que fica cada vez mais difícil me comparar aos outros ou até tentar ser como eles, mas acho que não quero isso. Tenho aprendido muito ultimamente e uma das lições que estou usando pra me manter estável é amar sem esperar nada em troca. É o que as pessoas incompreendidas ou não correspondidas deveriam tentar pra sofrer menos. Amar e se doar pra completar o outro e não o contrário, tentar não pensar na dor ou no sofrimento que isso pode causar, mas se concentrar nos momentos bons que, de vez em quando, a vida acaba proporcionando. Amar é uma das minhas coisas preferidas e uma das que eu menos gosto; não que eu sinta vontade, é uma coisa alheia a isso aliás. Portanto não depende de mim querer ou não querer. Cada vez que penso fico ainda mais confusa, mas penso. Penso na vida, na morte, nas dores e alegrias pelas quais passamos durante essa nossa jornada. Chego a achar estranha essa necessidade instintiva de se ter uma pessoa por perto. Por que ninguém consegue viver sozinho? Talvez até consiga, mas sofre, se deprime até achar que a vida não tem mais sentido. Aliás, qual é o sentido da vida? Filósofos, psicólogos e analistas. Todos tentam explicar, mas só quem ama sabe. E se vive assim um dia após o outro esperando a qualquer hora encontrar o grande amor. Eu não sou assim, ou pelo menos tento fugir dessa idéia insana de par, casal, dueto. No fundo até pode ser que eu esteja também esperando esse amor chegar, talvez até já o tenha encontrado, mas não quero me entregar. Tenho medo de não conseguir; não por achar que ninguém seja capaz de me fazer feliz, mas por saber que isso depende de mim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Eu quero, mas não sei se posso me libertar das correntes que me prendem em antigos conceitos. Embora já ultrapassados, encobertos pelo tempo ou pelas conseqüências das minhas atitudes. Eu quero, mas não sei se posso me libertar de antigos hábitos que me fazem mal de certa forma, mas me mantêm respirando e meu coração batendo; essas dúvidas e incertezas, frustrações e medos, escolhas e renúncias é o que me torna humana. A única parte de mim que ainda não é excêntrica ou incomum. Temo não mais conseguir expressar minhas sensações e me tornar um poço sem fundo, escuro e vazio. Temo, de alguma forma, me tornar estranha demais e não conseguir mais me comparar ou parecer igual. Nunca mais. Sem inspiração, sem sentido, vazia e superficial. Me sinto assim. Era pra eu estar feliz? Mas não estou e não sei explicar, nem imaginar o motivo. Eu nem sequer me esforço pra parecer indiferente ao vazio que me consome dia após dia. Eu nem consigo chorar, sorrir ou gritar essa dor que me sufoca, me oprime; essa angústia de não sentir nada. E morrer não adianta; e se for igual lá do outro lado? A mesma rotina, as mesmas dúvidas, o mesmo tédio. O que fazer pra consertar? Não tenho nada em mente, parece que meu interior secou, meu cérebro está murcho e meu coração duro. Não sei o que dizer ou pra quem dizer. Contar o que se eu não sei definir ou precisar em que momento eu errei pra me sentir assim. Mas vai passar, sempre passa.
Ser completamente diferente, viver uma vida ao avesso; torcer o nariz pras bonecas, odiar crianças e algodão doce. Viver cada dia como se fosse o seu último, esperando inutilmente que as princesas de contos de fada caiam do cavalo e as pessoas felizes à sua volta se ferrem pra valer. Ser uma garota má, transgressora, não seguir as regras. É complicado ser assim, difícil não se encaixar no padrão ou não fazer parte da maioria. Crescer no meio de coisas que você odeia e fazer uma cara feliz, fingir todo o tempo que está tudo bem e no fim do dia abrir aquele sorriso. Desejar que tudo se exploda, porque você só quer dançar, ser feliz do jeito que é, sem objeções, sem cobranças, sem correções. Porque ninguém escolhe ser assim e torcer pelos vilões.

terça-feira, 17 de agosto de 2010



É triste saber que um dia vou passar por você e não sentir meu estômago arder e esfriar. É difícil saber que um dia vou lembrar o gosto do seu beijo e não sentir cada centímetro do meu corpo formigar. É triste saber que um dia eu vou deitar na minha cama e não repassar os detalhes pra saber se eu fiz tudo certo ou se eu ainda faço você feliz. É triste imaginar que qualquer dia eu vou ouvir aquela música, ler aquelas cartas e ficar indiferente. Dói pensar que eu vou lembrar das vezes em que você me fez sorrir e não sentir saudade de nada. É até estranho imaginar que um dia eu vou me tocar e parar de dizer que você ainda faz parte de mim, que toda vez que eu fecho os olhos sinto nostalgia ao imaginar você do meu lado ou pensar inutilmente no que poderia e não vai ser. Vai ser bem triste acordar um dia e seu rosto não ser a primeira coisa a vir na minha cabeça. Sentar e escrever algo em que você não se encaixe perfeitamente ou não seja a inspiração, conseguir beijar alguém sem que a sua imagem venha na minha mente toda vez que eu fechar os olhos. O fim do amor é ainda mais triste que o nosso fim.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010


As coisas vêm e vão. Existe o tempo, o espaço e o que não podemos explicar; fatos e retratos que nem sabíamos que existiam. Dói. Lugares em mim que nunca imaginei, agora é tudo lembrança do que não houve. Sonhos, um futuro brilhante e inexistente. Como é que eu faço isso parar? Saudade; de certa forma toda ausência é uma espécie disso. O que dizer quando se sente falta de algo que nunca se teve? Cuidei e amei uma coisa que nunca foi minha. Não sei como não pensar e não querer se tudo ficou diferente, de repente eu acordei numa sala, vazia, com a TV ligada. Sem perspectivas, planos ou aspirações. Quisera eu poder explicar o que eu sinto.

Daqui a uns anos quando a afinidade tiver acabado, a amizade tiver envelhecido e a falsa ironia tiver se tornado verdadeira, você vai pegar um livro na prateleira de uma biblioteca qualquer. Sem prestar atenção ao título ou ao nome do autor, você vai ler o resumo; intrigado e não satisfeito, você lerá alguns trechos que lhe parecerão absurdos e estranhamente familiares. Quando ler a biografia da autora, vai parar assustado ao se lembrar que já conheceu aquela garota fútil, sensível demais e meio doidinha. Você vai ler a dedicatória com o seu nome e depois de ler todo o livro, vai perceber que aquelas entrelinhas se tratam da história da sua vida. Fatos que você pensou que ninguém mais lembrasse, momentos que você achou terem se perdido no tempo, palavras que você jurou não dizer nunca mais. Finalmente no final do livro, nas últimas páginas que você pensou estarem em branco, você lerá um parágrafo sobre todas as coisas que eu nunca ousei te falar e no rodapé da última folha estará escrito: ‘Isso é tudo o que eu senti e desejei mais que tudo poder dizer a você e nunca disse; pode até ser que eu tenha tentado demonstrar com gestos e atitudes e você nunca percebeu e se percebeu nunca se importou realmente.’

Pra que dizer coisas bonitas se o que realmente nos faz pensar é o silêncio? Pra que acreditar que é pra sempre se tudo o que é bom acaba rápido? Por que tentar esquecer se só o tempo cura todas as feridas? Porque acreditar em destino se nós mesmos fazemos nossa própria sorte? Pra que correr atrás do sonho se temos que viver de realidade? Por que tentar voar se é necessário manter os pés no chão? Eternas dúvidas paradoxais. Às vezes eu tenho vontade de apertar o RESET da vida e começar tudo de novo. E seria tão fácil poder consertar um erro antes que ele trouxesse conseqüências drásticas (pausa para encontrar a inspiração perdida há tempos). Dizem que amar é fácil, o difícil é esquecer que um dia tudo o que você tinha de melhor alguém fugiu levando. E a saudade nada mais é que a vontade de voltar no tempo e fazer tudo de novo por mais louco e inconseqüente que tenha sido. Mas o que dizer quando se perde a vontade? Os momentos que jurávamos terem sido os melhores nem são mais tão bons e você acaba descobrindo que sofreu e amou em vão.

Um ano



Um ano muda muita coisa. Causa danos impossiveis de serem reparados, cicatrizes incuráveis e lembranças que não voltam. Um ano é capaz de tornar alguem irreconhecivel, mudar sentimentos e opiniões, conceitos e planos, mas nunca um caráter. Um ano é capaz de nos fazer enxergar verdades e fatos que antes não víamos e admitir defeitos que antes não admitiamos. É capaz de nos fazer amar ou esquecer, querer ou rejeitar, correr atrás ou deixar pra lá. Enfim, um ano é tempo pra caralho.