sábado, 14 de fevereiro de 2009


Imagine um jardim antigo rodeado de arvores mortas e flores murchas pelo tempo. No meio uma fonte seca abriga a escultura de um anjo, com as asas quebradas parece rezar por uma alma há muito perdida. Cacos no chão indicam vestigios de uma triste despedida; caída, o olhar distante, uma jovem mergulhada em suas mórbidas lembranças. Do mais remoto e vazio ao mais profundo e sombrio, lugares que ela nem sabia que existia em si mesma; tudo dói. Nada parece fazer sentido. Arrependimento pelo o que ela não cometeu; falta do que ela não teve; saudade do que ela não viveu. Rodeada de fantasmas ela se sente sozinha, confusa, em sua mente ela ainda ouve os risos falsos e mentiras estupidas, o que ela poderia ter feito e não fez, o que ela devia ter errado e acertou. Ela segura um copo vazio, escreve algo enquanto chora lágrimas de sangue que mancham a seda fina do seu vestido; cabelos soltos, o corpo molhado pela chuva fria, suas intenções são tão negras quanto a noite que a rodeia. Ela tenta se levantar, arrependida, se agarra em suas ultimas esperanças mais já é tarde. Quase sem forças seu ultimo ato é assinar a folha onde havia escrito: 'Meu unico erro foi amar demais.'

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009


Alguma coisa mudou. Eu não sou mais a mesma. Sinto uma coisa diferente quando penso no passado; não te imagino mais como alma gêmea, não choro ao lembrar nossos momentos, nem sinto culpa alguma quando penso que poderia ter feito algo pra mudar nosso destino. É como se minha alma tivesse morrido; minhas lágrimas tivessem secado; meu coração endurecido - nem o ouço mais batendo nem sinto o sangue nas minhas veias - meu espírito caído no mais profundo esquecimento. Me corto e não sinto mais a mesma dor reconfortante e consoladora; como se eu tivesse sofrido tanto e ainda assim não merecesse pena alguma; como se eu desejasse tanto descansar nos braços da morte que ela fugisse desesperadamente de mim. Minhas feridas imploram tanto por um túmulo, meu corpo almeja há tempos descanço eterno. Todo conhecimento de angústias me fora concedido e não há uma só dor que eu já não tenha sentido; e hoje não sinto mais nada. Nem mesmo ânimo quando a luz da lua toca minha pele. O chão do banheiro já tão familiar nunca conheceu tamanha frieza e as paredes há muito manchadas de sangue jamais presenciaram tanto vazio; Somente quem sentiu algo assim é capaz de explicar, está além de toda compreensão humana. E eu nem sei mais se quero me livrar disso, não sei se quero que essa dor me abandone. Ela é minha única companhia além dos meus fantasmas. Minha depressão é permanente e eu já me acostumei com ela.

E aquelas vezes que vc se sente como se o mundo tivesse te esquecido? Quando nada te consola, nada te alegra, nada te completa...vc chora lágrimas sinceras de alguém que perdeu algo mais valioso que a vida; mais ninguém sente falta dos planos que vc guardou com tanto carinho, e sonhou com tanta indulgência, e almejou realizar mais que tudo, e perdeu de uma forma tão desprezivelmente frustante. Tipo quando vc sente uma dor tão imcompreensivel que tem vontade de gritar pra que todos te deixem em paz com ela, sozinha. Até que doa tanto que vc não consiga mais ficar em pé, e vai caindo devagar encostada na parede do banheiro, apoiando-se nos fragmentos dos sonhos que um dia deram forças pra vc continuar lutando e sem eles agora não te resta mais nada; a unica coisa que vc queria era voltar no tempo e mudar tudo. Ter uma segunda xance de concertar as coisas mesmo sem saber ainda onde está errado. Com todos os seus erros e defeitos, pensando somente no que ficou pra trás, vc jura pra vc mesma e os fantasmas que te fazem companhia nunca mais amar ninguém assim.